abril 16, 2012

Monteiro Lobato: O Dom Quixote do petróleo brasileiro !

Ouça Monteiro Lobato

Fonte do áudio: Jovem Pan Online.com


MONTEIRO LOBATO: 130 ANOS !
“O solo, a superfície, apenas permite a subsistência. O enriquecimento vem de baixo. Vem do subsolo".                          Monteiro Lobato

Na quarta-feira, dia 18 de abril, comemoramos os 130 Anos do Nascimento de Monteiro Lobato. Sim, José Bento Renato Monteiro Lobato nascia a 18 de abril de 1882, em Taubaté/SP, vindo a falecer na capital paulista em 04 de julho de 1948. Faleceu jovem ainda, com 66 anos de idade.
Editor pioneiro de livros no Brasil, sendo um dos escritores brasileiros mais reconhecidos, pioneiro também na literatura infanto-juvenil, escrevendo 23 livros de sucesso que marcaram, adaptados, expressiva presença na televisão brasileira. Escreveu também sobre temas importantes para o país, como o petróleo, o ferro e a triste realidade do homem do campo, do caipira do nosso interior.
Com seu romance Urupês, desmistifica o brasileiro simples que mora no interior brasileiro. Ao contrário da literatura romântica que procurava mostrá-lo de forma idealizada, Lobato dá vida ao personagem Jeca Tatu, que gerou muita polêmica mas que mostrou a realidade do caipira caboclo brasileiro: preguiçoso, isolado, pobre, quase miserável. Era o retrato do campo brasileiro.
Mas o que vamos destacar no 130º Aniversário de nascimento desse grande escritor é o seu lado de cidadão prestante, de visionário-empreendedor, de brasileiro à frente de seu tempo. Vamos ver o perfil do Lobato idealista que morando por 5 anos em Nova Iorque (1926), como adido cultural, pode apreender o “modus vivendi” dos americanos, ficando encantado com o país e seu desenvolvimento, passando a sonhar com um destino igual para o Brasil. Tornou-se um admirador de Henry Ford, modelo de empreendedor ousado e criador.
Já em 1918, Monteiro Lobato fundava a primeira editora nacional, a “Monteiro Lobato e Cia” e, também, fundava a “Empresa Paulista de Petróleo”, preocupado com a exploração do petróleo e do aço, para ele indispensáveis para o desenvolvimento do país. Assim, após 6 anos, quando retornou dos Estados Unidos, estava decidido a implantar aquele espírito empreendedor dos norte-americanos, no Brasil.
E Monteiro Lobato passa a ter uma produção literária voltada para esse importante tema: o petróleo! Em 1935, lança o livro “A Luta pelo Petróleo”, em 1936, lança o livro “O Escândalo do Petróleo”, que teve a edição esgotada em 1 mês! Sua origem foi uma carta aberta dirigida por Lobato ao Ministro da Agricultura, denunciando dois técnicos estrangeiros do Departamento Nacional de Produção Mineral pela “venda de segredos do subsolo a empresas estrangeiras”. Em outubro de 1937 é lançado “O Poço do Visconde”, apresentado como um livro de “geologia para crianças”, mas que constitui um
verdadeiro manifesto a favor da descoberta e exploração do petróleo no Brasil.
Ao mesmo tempo, passa a fazer campanhas de mobilização da população e de convocação do Estado Brasileiro para o rumo que via como um verdadeiro passaporte para a libertação do Brasil da dependência da importação do petróleo. Em 1932, o jornal “O Estado de S. Paulo” publicava manifesto de fundação da “Companhia do Petróleo Nacional”, sendo Lobato um de seus signatários. Ia contra os interesses da companhias estrangeiras...
“Se o governo não me atrapalhar, dou ferro e petróleo ao Brasil em quantidades rockefellerianas”.
(por Belmonte, no qual Lobato faz "Campanha" para o Petróleo no Brasil)
Em meados dos anos 30, essa era a palavra de Monteiro Lobato! Todas as suas tentativas de exploração de petróleo foram sistematicamente boicotadas, segundo a imprensa internacional, “vítimas de intensa campanha de militares brasileiros e outros elementos pró-nazismo, que combatem os elementos democráticos e anglófilos do país” (Overseas News Agency). Em 1941 é subitamente preso em São Paulo.

Monteiro Lobato enfrenta todas as adversidades num país sob o jugo de uma Ditadura. Falece em 1948. À partir de 1950, sob a inspiração de Monteiro Lobato, os partidos políticos de esquerda e os movimentos sociais iniciam a campanha vitoriosa do “O petróleo é nosso!”, empolgando toda a Nação. E o Congresso Nacional aprova a legislação sobre o petróleo que recebeu, na votação final, uma emenda que criou o monopólio da Petrobrás na sua exploração.
Com isso, o país ficou por décadas com uma produção desprezível, sem tecnologia de ponta e transparecendo, para os brasileiros, que o país não tinha petróleo. Mesmo criando a Petrobrás, os interesses estrangeiros conseguiram manter “amortecido” o potencial do Brasil...
Vinte anos depois do efetivo funcionamento da Petrobrás, em 1974, a empresa descobre os poços petrolíferos de Campos/RJ, apesar da pobreza da prospecção da empresa estatal no território continental. Já em  1954, o então presidente da Petrobrás, Juracy Magalhães havia contratado o geólogo americano Walter Link, da ESSO, para organizar a exploração de petróleo e, já àquela época, esse técnico americano havia deixado claro que as chances petrolíferas do país estavam situadas off shore, muito mais do que no continente.

RESUMINDO: Monteiro Lobato, em seus últimos anos, se dedicou a denunciar por cartas o boicote sistemático dos responsáveis pelo Conselho Nacional do Petróleo. Em 1940, Monteiro Lobato dirigiu uma carta ao Ditador Getúlio Vargas, onde acusava o Conselho Nacional do Petróleo de: 1 – Promover a perseguição sistemática às empresas nacionais; 2 – Criar embaraços à exploração do subsolo; 3 – Manter a idéia secreta do monopólio estatal.
Na carta, afirmava Monteiro Lobato que o (CNP) impedira o funcionamento das empresas nacionais, perseguindo sistematicamente as empresas nacionais, dificultando com “embaraços legais” a exploração do subsolo, disparando verdadeiro tiro de misericórdia nas companhias nacionais com as exigências legais absurdas.

 O FIM DO MONOPÓLIO DA PETROBRÁS E O PRÉ-SAL
A evolução da exploração do petróleo no Brasil, à partir dos anos 1970, pode ser descrita como  positiva, sobretudo no terreno do aumento da produção própria e da redução progressiva da dependência externa. À partir de 2006, o Brasil alcançou a auto-suficiência na produção de petróleo, graças aos notáveis esforços feitos desde 1997, quando a lei do petróleo foi promulgada e aboliu o monopólio da Petrobras. Com certeza, sem o fim do monopólio do petróleo não haveria a fase positiva do pré-sal que teve, à partir de 2011, uma nova perspectiva de grande significado econômico para o Brasil. Em outros termos, os sonhos de Monteiro Lobato, no sentido da independência
energética do Brasil, estão se realizando, ainda que muitas gerações mais tarde.
Monteiro Lobato é visto como o editor, o escritor e o empresário empreendedor e moderno, que sempre movido pelo idealismo, tinha a certeza de que somente pela cultura e educação é que o povo brasileiro teria plena conscientização de seus direitos chegando, assim, a ser uma NAÇÃO!

9 comentários:

Delmanto disse...

Impressionante a entrevista EXCLUSIVA de MONTEIRO LOBATO ao jornalista Murilo Antunes Alves. O grande DOM QUIXOTE que lutou tanto pelo petróleo brasileiro, que editou livros, que encantou gerações e gerações de brasileiros, à véspera de sua “passagem” estava ali, machucado civicamente, trazendo na alma as lembranças pesadas da prisão injusta a que foi submetido, cauteloso no resguardo de sua saúde abalada e da paz em seu lar...
Ah, a Pátria , de joelhos, deve reverenciar esse gigante da cidadania!
O seu descrédito no futuro da Pátria – com certeza! – é o resultado de anos vividos e sofridos debaixo da Ditadura de Getúlio Vargas...
O seu descrédito é de saber que a viabilidade da exploração do petróleo brasileiro estava em mãos de “vendilhões” da pátria...
O seu descrédito era decorrente da “marcha lenta” em que se descortinava a implantação da DEMOCRACIA entre nós, com um presidente eleito sem que tivesse havido modificações da legislação do período eleitoral. O presidente era o General Dutra (ex-Ministro da Ditadura)...
O seu descrédito era e é um recado firme às futuras gerações! Sim, ele deixou um desafio, claro, para os jovens do futuro!
E a sua voz forte, a sua cautela necessária e as suas tiradas irônicas mostram que ali estava um grande cidadão, já com sua espada na bainha, mas com o espírito lúcido dos grandes homens!
É REGISTRO HISTÓRICO!

Anônimo disse...

Sensacional esse post. Monteiro Lobato PRECISA ser conhecido e reverenciado. Como professor tento passar sempre a meus alunos essa imagem tão bem colocado em seu texto. Lembro do que disse Nelson Palma Travassos:” o brasileiro, conduzido por Monteiro Lobato, começou a discutir os mais importantes problemas econômicos do país. As oras de Monteiro Lobato tiveram por objetivo formar o caráter do povo brasileiro e elevar o país a uma posição de destaque no cenário internacional, sendo esse mesmo motivo que o levou às traduções de filosofia, história, religião, memórias e ficção, tanto destinadas ao público infanto-juvenil quanto àquelas voltadas para um público adulto.”
Salve MONTEIRO LOBATO! (luisroberto-souza@yahoo.com.br)

Anônimo disse...

Delmanto, ficou famosa a carta escrita por Monteiro Lobato a Getúlio Vargas e ao Chefe do Estado Maior do Exército, General Goes Monteiro, em PLENA DITADURA DO ESTADO NOVO! Datada de 24 de maio de 1940, Lobato verberava contra a “displicência do sr. Presidente da República, em face da questão do petróleo no Brasil, permitindo que o Conselho Nacional do Petróleo retarde a criação da grande indústria petroleira em nosso país, para servir, única e exclusivamente, os interesses do truste Standad-Royal Dutch”.
Que coragem, heim?!?
Em plena Ditadura e, MUITO IMPORTANTE: em 1940!!!
Imaginem se os homens públicos da época tivessem agido com civismo e implantado a INDUSTRIA PETROLEIRA no Brasil. Hoje, 70 Anos depois, o país teria outro desenvolvimento e seria outra a condição de vida dos sofridos brasileiros!
Grande MONTEIRO LOBATO! (carlosantoniomascarenhas@yahoo.com.br)

Anônimo disse...

Importante a frase histórica de Monteiro Lobato: "Um país se faz com homens e livros". Realmente, a frase pode ter a seguinte leitura: que um país se faz com educação de qualidade! E restou para a Nação Brasileira que Monteiro Lobato foi mil vezes mais importante para o Brasil como EDUCADOR do que como agitador do petróleo. As suas palavras, através de seus livros, de suas palestras e de sua pregação foram a grande alavanca que levou o Brasil – apesar de seus governantes! – ao patamar em que se encontra!
Precisamos divulgar e conhecer melhor o cidadão prestante MONTEIRO LOBATO!
(haroldo.leao@hotmail.com)

Anônimo disse...

Durante o Regime Militar, apesar da posição de BOB FIELDS, como era chamado o entreguista Ministro do Planejamento Roberto Campos, houve a ampliação, na verdade,do poder da Petrobras, criando novas subsidiárias – nas áreas da distribuição, da química, de trading, dominando a importação de derivados, para a
comercialização, a pesquisa e a exploração no exterior, mediante investimentos diretos – e utilizando-a, de maneira inclusive irregular, para realizar objetivos nas áreas fiscal, industrial (sobretudo na construção naval), de combate à inflação e de captação de recursos externos.
Chamada de “Dinossauro” por Roberto Campos, mesmo assim a Petrobrás continuou uma empresa fechada, impedindo a atuação dos empreendedores da iniciativa privada, o que ocorreu só em 1997 com o FIM DO MONOPÓLIO DA PETROBRÁS!
Agora, vivemos o “mar de rosas” do pré-sal!!!
(bastosgustavo@yahoo.com.br)

Anônimo disse...

Joseph Goebbels, o propagandista de Hitler, fazia com que a MENTIRA, repetidas muitas vezes, passasse a ser tida como VERDADE!
Foi o que fez o Ditador Getúlio Vargas! Depois de boicotar a exploração de petróleo no Brasil, iniciou uma campanha gigantesca dizendo que a campanha “O Petróleo é Nosso!’ foi uma iniciativa dele. MENTIRA! E QUANDO CRIOU A Petrobrás, criou uma empresa FECHADA À TECNOLOGIA DE PONTA, INCAPAZ DE DESCOBRIR PETRÓLEO!!!
Em 1997, no governo de FHC tivemos o fim do atraso com o FIM DO MONOPÓLIO ESTATAL DO PETRÓLEO. E no governo do PT/Lula, o Brasil descobriu o pré-sal e descobriu que o Brasil será um dos maiores produtores de petróleo do mundo! De que adianta ter o monopólio se não existe tecnologia para a exploração e, nos órgãos voltados para o setor (Conselho Nacional do Petróleo), o domínio era feito por pessoas comprometidas com as grandes empresas estrangeiras!
Getúlio Vargas foi um grande atraso para o Brasil e para a exploração do petróleo! (jair.castro66@yahoo.com.br)

Anônimo disse...

A Ditadura de Getúlio Vargas era a favor de Hitler. Até a mulher de Luiz Carlos Prestes havia sido enviada para um Campo de Extermínio de Judeus na Alemanha. A cúpula do Exército Brasileiro era favor dos Alemães. Só depois de serem afundados vários navios mercantes pelos alemães é que o Brasil entrou na 2ª. Grande Guerra Mundial, a 31 de agosto de 1942, a favor dos Aliados. Não tinha outro caminho! O Brasil estava nas mãos dos nazistas/milicos que dominavam o país e o próprio Vargas era prol Alemanha. Então, Monteiro Lobato deve ter comido o “pão que o diabo amassou”!
Com o término da Guerra, o Brasil voltou ao regime democrático. Caiu o Ditador Getúlio Vargas. Mas sem mudar a legislação da Ditadura, e ainda sob controle do Exército, o Brasil elegeu, claro, o general Dutra (Ministro da Guerra da Ditadura) para presidente... Só a partir de Juscelino é que começamos a ter um novo rumo, amortecido pelo Regime Militar, e que aflorou à partir da gestão de FHC, com a quebra do Monopólio do Petróleo e da gestão de Lula, com a descoberta do pré-sal! Agora, não tem pra mais ninguém! O Brasil irá em frente apesar de seus governantes...rsrsrs
(danilo-gomes40@live.com)

Anônimo disse...

É o grande empreendedor da cultura nacional. A sua atuação como editor, escritor e tradutor deu a base para que o país tivesse uma produção editorial destacada. Salve MONTEIRO LOBATO! (p.gomes@yahoo.com.br)

Delmanto disse...

É histórico o depoimento do jornalista e radialista Murilo Antunes Alves, destacado radialista da poderosa Rádio Record. Ele fez a primeira e única entrevista dada por Monteiro Lobato. E por uma dessas armações da vida, Monteiro Lobato morreu antes da entrevista ir ao ar. Vamos a um trecho da entrevista do Murilo Antunes Alves: “...lá estava eu ligando o gravador, quando ele comentou:”Estou eu, pela primeira vez falando no rádio, e o Murilo me enfia na mão um canudo e diz que está gravando as minhas bobagens. Quero ver para crer.” Lá pela terceira pergunta, ele disse que não iria falar mais nada, pois tinha uma tal de língua seca que não o deixava mais falar. Argumentei que, com o gravador, a técnica do rádio tinha evoluído.: “O senhor toma água, depois a gente continua.” A entrevista continuou por mais 25 minutos, falando de literatura, principalmente infantil, o assunto preferido do escritor, e ao final perguntei: “Doutor Monteiro, neste momento, nesta hora, qual é o seu maior desejo?” A resposta foi rápida: “Meu desejo, nesta hora, é ver esse locutor pelas costas e fora daqui.”
A entrevista foi feita no dia 2 de julho de 1948, por volta das 17 horas, para ser transmitida no domingo, dia 4. Fui para a sede da rádio, na Quintino Bocaiúva, e lá encontrei o doutor Paulo Machado de Carvalho e o Raul Duarte. Eles ouviram a entrevista, gostaram muito e mandaram fazer um texto de chamada para anunciar a matéria tão pitoresca.
Na manhã de domingo, toca o telefone lá em casa me avisando para ligar o rádio. Era o José Augusto Siqueira anunciando que Monteiro Lobato havia falecido. Ele morreu antes de a entrevista ir para o ar.”
É REGISTRO HISTÓRICO!

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