janeiro 18, 2018

Centenário da Maçonaria em Botucatu - REGISTRO hISTÓRICO

Centenário da Maçonaria em Botucatu


No ano de 1998, no mês de setembro, em sua edição nº 11, a revista Peabiru, foi convidada a fazer matéria sobre o CENTENÁRIO DA MAÇONARIA EM BOTUCATU,  podendo divulgar o histórico fornecido pela Loja Guia Regeneradora, com fotos do Templo Maçônico e o fac-simile da ficha cadastral do Dr. Antonio José da Costa Leite, fundador da Misericórdia Botucatuense e que foi Venerável da Loja Maçônica. Os dados publicados pela Peabiru, datam do ano de 1998. Hoje, em 2018, a Maçonaria já está completando 120 Anos em Botucatu. Mais forte e com um maior número de membros. É matéria histórica a se confundir com a própria História de Botucatu!



A Maçonaria em Botucatu se confunde com a própria história de nossa cidade.  Objetivando o registro histórico de seu 1º Centenário é que preparamos esta matéria.

Hoje, são 5 as “Lojas” em nossa cidade: Loja Guia Regeneradora ( que está comemorando seu centenário), Loja Aquarius (que estará completando 25 anos no próximo mês de novembro), Loja Veritas, Loja Renascença 19 de Março e Loja Arls Guia Centenário ( a mais nova Loja, fundada pela primeira em homenagem ao seu centenário).
            No entanto, nos primórdios de nossa cidade a atuação maçônica foi bem diversificada e muito presente.  Foram 4 as Lojas Maçônicas: Loja Guia do Futuro, Loja Regeneradora Botucatuense, Loja Cel. Baptista da Luz e Loja Silvanno Lemmi ( pertencente à Colônia Italiana, muito numerosa e influente à época).

            Nas comemorações de seu centenário, a Augusta Respeitável Grande Benfeitora e Benemérita Loja Simbólica Guia Regeneradora de Botucatu, realizou, em 08 de agosto p.p., Sessão Solene com toda a pompa de um protocolo digno de registro.  Sob a presidência do Venerável Mestre Clóvis de Almeida Martins, o evento contou com a presença de ilustres autoridades, convidados e membros da Maçonaria, como o Comendador Romeu Bonini - Grão Mestre do Grande Oriente de São Paulo, do Desembargador Dr. Francisco Murilo Pinto - Soberano Grão Mestre Geral do Grande Oriente do Brasil  e do Sr. Marcos José da Silva - Presidente da Soberana Assembléia Federal Legislativa do Grande Oriente do Brasil.

            Daremos, a seguir, o inteiro teor do Histórico Oficial  dessa importante Entidade:
           
“1º CENTENÁRIO da Augusta  Respeitável  e  Grande  Benfeitora  Loja Simbólica 
G U I A   R E G E N E R A D O R A        Nº 1259 - Oriente de Botucatu - SP

A Maçonaria é uma instituição essencialmente iniciática, filosófica, filantrópica, progressista e evolucionista .

Pugna pelo aperfeiçoamento moral, intelectual e social da humanidade, por meio do cumprimento inflexível do dever, da prática desinteressada da beneficência e da investigação constante da verdade.
Proclama a prevalência do espírito sobre a matéria.
Seus fins supremos são : 

LIBERDADE, IGUALDADE e  FRATERNIDADE.

Além disso :

I - Institucionalmente a Maçonaria tem a missão de promover o aperfeiçoamento do ser humano e consequentemente a sua valorização no contexto da sociedade.
II – Condena a exploração do homem, os privilégios e as regalias, enaltecendo , porém, o mérito da inteligência e da virtude, bem como o valor demonstrado na prestação de serviços à Ordem, à Pátria e à Humanidade;
III – afirma que o sectarismo político, religioso ou racial é incompatível com a universalidade do espírito maçônico.       Combate a ignorância, a superstição e a tirania;
IV – proclama que os homens são livres e iguais em direitos e que a tolerância constitui o princípio cardeal nas relações humanas, para que sejam respeitadas as convicções e a dignidade de cada um ;
V – defende a plena liberdade de expressão do pensamento, como direito fundamental do ser humano, admitida a correlata responsabilidade;

             São postulados universais da Instituição Maçônica, dentre outros;
  A existência de um princípio criador :      O Grande Arquiteto do Universo;
  A proibição de discussão ou controvérsia sobre matéria político-partidária, religiosa ou racial, dentro dos templos ou fora deles, em seu nome;
  uso do avental.

O Grande Oriente do Brasil, Órgão Fundado em 17 de junho de 1882, é uma instituição Maçônica simbólica, regular, legal, e legítima, inscrito como pessoa jurídica de direito privado e reconhecido como de utilidade pública federal pelo governo brasileiro.
Tem sede própria e foro no Distrito  Federal.
É constituído como Federação indissolúvel dos Grandes Orientes dos Estados, do Distrito Federal, das Delegacias, das Lojas Maçônicas Simbólicas e dos triângulos.

H  I  S  T  Ó  R  I  A

A atividade Maçônica no Brasil começou muito antes de sua independência.      
Surgindo em quatro orientes, nesta ordem : Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Pernambuco.            Eram maçons emigrados, ou aqui iniciados, sobretudo portugueses, que aportavam ou brasileiros que retornavam à Pátria.

A Maçonaria  em  Botucatu :

A atividade Maçônica na então Vila de Botucatu-SP começou muito antes da fundação oficial de sua primeira loja maçônica, na segunda metade do século XIX, mais precisamente no ano de 1875 .

Em Botucatu surgiram 04 (quatro) lojas a saber :
Guia do Futuro ;
Regeneradora Botucatuense ;
Silvanno  Lemmi e;
Cel. Baptista da Luz .

Maçons oriundos de outras plagas, ou aqui iniciados, sobretudo portugueses, italianos, espanhóis, franceses, e até mesmo norte-americanos, que aqui aportaram e semearam a sublime instituição maçônica nos altos da serra da então Vila de Botucatu.
A Augusta  e  Respeitável Loja Capitular  “ GUIA DO FUTURO “  fundada no Oriente de Botucatu-SP no ano de 1875 ( Era Vulgar ) recebeu seu Breve Constitutivo  provisório do Grande Oriente UNIDO, de Saldanha Marinho em 28.7.1876, carta esta assinada pelo próprio Saldanha Marinho e pelo Grande Venerável João Francisco Rebello, grau 33( conforme consta do Registro  fls. 151V e 152).
            A sua regularização se realizou em 26.12.1876 por uma comissão formada pelos próprios Irmãos do quadro:
Dr. José Gonçalves da Rocha (Venerável)
Francisco Antunes de Almeida e Daniel Carlos Maria Jordão da Rocha Peixoto.
Tornou-se Orador o Irmão Francisco de Farias Villas Boas.
Entre os fundadores havia o Irmão Eliás de Oliveira Lima Machado.
Em 18.1.1883 o GRANDE ORIENTE UNIDO foi incorporado pelo Grande Oriente do Brasil , e a Loja  GUIA DO  FUTURO, já tinha abatido Colunas em 1877 pela morte por assassinato do seu fundador e Venerável Dr. JOSÉ  GONÇALVES  DA  ROCHA , que era oriundo de Pernambuco, solteiro, e era advogado, ( Juiz Municipal ) encontrando-se sepultado em um túmulo já tombado pelo município, à quadra 03, no cemitério “Portal das Cruzes” em Botucatu-SP, mas mesmo assim ela recebeu o Cadastro nº 355,  em 1899 .
A  Loja  GUIA  DO  FUTURO  foi  restabelecida  em  28  de  abril de 1898 segundo alguns registros, e em 01.08.1898 surgiu um nova GUIA DO FUTURO em Botucatu pelo grande e inolvidável  Maçom  Dr. Abel  Waldeck, Grau 30( que como seu novo Venerável a fez regularizar em 04 de fevereiro de 1899). Era Vulgar que recebendo o Cadastro nº 618 em 1876 do Grande Oriente do Brasil, foi mudado para o nº 610 em 1899 .
Existem  registros  de  que  em  04 de fevereiro de 1899 foi regularizado o Irmão Dr. Antônio José da Costa Leite - Médico , uma vez que o mesmo fora iniciado em 1888, na loja “América IA, em São Paulo” , nascido em Salvador/Bahia, aos 19 de abril de 1860, e que já em 1886 clinicava em Botucatu .
O Dr. Antônio José da Costa Leite, foi o fundador do hospital Misericórdia Botucatuense, inaugurada em 08/12/1901.

Faleceu aos 15 de junho de 1953, tendo sido condecorado pela Guia do Futuro como “Benfeitor da Humanidade”
Em 03 de setembro de 1899, a Loja Guia do Futuro fez transladar os despojos do irmão José Gonçalves da Rocha, do cemitério velho para o atual, “Portal das Cruzes”.     Tendo sido também inaugurado nesse dia o prédio novo da Loja, na rua do Colégio  nº 2  ( atual  Major Leônidas Cardoso , 229 ) 
Para o exercício  de 1900/1901 foram eleitos para a administração da loja Base os seguintes diretores:
Venerável  Mestre - Antônio José da Costa Leite – grau 18;
Secretário  Daniel Carlos – grau 33 e para a administração do Capitulo,
Atherzata , o Irmão  Daniel Carlos – grau 33;
Secretário  o irmão Joaquim G. Paixão – grau 18 .

Augusta  e  Respeitável Loja Capitular “
R E G E N E R A D O R A    B O T U C A T U E N S E”
A Augusta e Respeitável Loja Capitular “ REGENERADORA BOTUCATUENSE “ foi fundada aos 24 de Dezembro de 1898 ( Era Vulgar ), e regularizada aos 24 de junho de 1899 sob os auspícios do Grande Oriente do Brasil  existindo fortes evidências de que os Irmãos fundadores eram “descontentes”, oriundos da  Loja Guia do Futuro .
Consta ter sido a Loja Capitular “ Regeneradora  Botucatuense”, fundada por iniciativa do  Irmão  ERASMO TERRAL, que curiosamente não aparece no quadro de Obreiros oficial da Loja.     A posse foi em 01.07.1899, secretariando então o Irmão Nicolau Kuntz , tendo como  seus primeiros dirigentes, os seguintes Irmãos :
Venerável - Alberto dÁraujo Grau   30
1º Vigilante - Pedro Avelino de Oliveira       Grau    3
2º Vigilante - Miguel  da Silveira Castro        Grau    3
Orador - Antonio  Antunes de Souza     Grau    3
Secretário - João  Thomaz de Almeida        Grau    3
Tesoureiro - Simão Solem Grau    3
Chanceler - Dr. Leonardo Junsey  Jones    Grau    3
Mestre de Cerimônias- Virgilio Maynaldi Grau    3
Em 01.02.1900 quando a Oficina recebeu o seu Breve Capitular, reportava ao Grande  Oriente  do Brasil,  um Quadro de  Obreiros com 45 Irmãos porém em 1902/03 já com uma nova administração, desaparecera temporariamente para reerguer-se novamente em data posterior

Eis o que consta da administração de 1902 :
Venerável  Mestre - Antônio Ignácio de Oliveira  –  Grau   3
Secretário - Arthur  Bratke  - Grau  3
            Eis a administração em 02 de setembro de 1933 :
1º Vigilante - Faieck Maduar                   
2º Vigilante - Manoel Lopes Filho                   
Orador - Anselmo S. de Souza                          
Secretário - Viriato Ribeiro                      
Tesoureiro - Delfin da Graça Cardoso
Hospitaleiro - Leonardo Trindade                       
Chanceler - João Gasparini                  
  Botucatu  teve   a   Loja   Maçônica   S I L V A N N O   L E M M I , loja de vida pouco conhecida até o momento, talvez devido ao período da Segunda Grande Guerra, da qual apenas restam algumas citações no Livro “Achegas para a História de Botucatu” do historiador e Acadêmico  Botucatuense  HERNÂNI  DONATO, uma bandeira mal conservada, e uma pequenina medalha ofertada pelo Irmão José Moscogliato Nigro membro ativo e regular da atual Loja Guia Regeneradora,  medalha essa que fora de seu avô, pertencente ao quadro dessa Loja, composta em sua maioria por maçons dissidentes da Guia do Futuro e da Regeneradora Botucatuense, e com predominância de descendentes peninsulares .
Botucatu teve ainda  a Loja Coronel Baptista da Luz, ( segundo o Irmão KURT PROBER ), documentado por um exemplar do Quadro de obreiros da Loja  resgatado pelo nosso Irmão  Édison Cardoso dos Santos .
            Ela foi fundada pelo Irmão Coronel João Francisco de Lima Júnior , em 01.12.1921, recebendo a carta Constitutiva Cadastro nº 972 para o Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA) sendo homologado pelo Supremo Conselho do Brasil para o Rito Escocês, em Ato na Sessão de 01.12.1921.
            A  Loja  Coronel  Baptista da Luz, cessou suas atividades em 1922 .
Em 31 de janeiro de 1935 uma assembléia geral das Lojas Guia do Futuro e Regeneradora Botucatuense aprova a Fusão delas, e em 12.03.1935, o Grande Oriente do Brasil por Ato de nº 1347 atendeu ao pedido de F U S Ã O das duas lojas vivas existentes em Botucatu, que estavam quase a “ abater colunas “.
A loja  Capitular Guia do Futuro cadastro nº 610,  que era a Loja “forte” de então, funde-se com a Loja Regeneradora Botucatuense Cadastro nº 641, advindo daí então, o nome do quadro  atual,  GUIA REGENERADORA de BOTUCATU-SP .

Diretoria da Guia Regeneradora em, 11/04/1935:

Venerável - João da Costa Chaves
1º Vigilante - Manuel Alvarez                   
2º Vigilante - Delphin da Graça Cardoso                    
Orador - Guaraciaba Trench                          
Secretário - João Ventura Fornos
Secretário Adjunto - André Félix                    
Tesoureiro - José Nigro
Tesoureiro Adjunto - Nicolau Martins
Chanceler - Gregório Fazzio
Hospitaleiro - João Gasparini
Hospitaleiro Adjunto - Anselmo Soares de Souza
Primeiro Experto - Viriato Ribeiro
Segundo Experto - Germano Pirré
Terceiro Experto - José Ribeiro
Mestre de Cerimonias - Faieck Haduar
   “                   Adjunto - Raphael Serra
Primeiro Diácono - Manoel Lopes Filho
Segundo Diácono - José Moreno
Porta estandarte - Hygino Ferrari   
Porta espada - Antônio César de Camargo
Arquiteto - Ângelo Rafanelli
Mestre de Banquete - Pedro Tortorella
Cobridor - Augusto Camargo
Cobridor Adjunto - Victório Andreasi
Presidente da Mútua - Delphin da Graça Cardoso
Secretário da Mútua - Guaracyaba Trench
Tesoureiro - João Ventura Fornos
Dep. Est. junto à Assembléia Capitular Antônio Serpa Sobrinho
             Deve-se ao Ato número 1347 de 12 de março de 1953 do Supremo Conselho do Brasil para o Rito Escocês Antigo e Aceito publicado no Boletim Oficial do Grande Oriente do Brasil que considerou a data de fundação da Loja que era a mais antiga, portanto como sendo de 04  de  agosto de 1898 , mantendo a data de 12.03.1935, como a data da fusão, diversamente mapensamento que apelam para as mil facetas de um ecletismo tão atuante quanto antigo como constava até o ano de 1995/1996.


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Observe-se que esta retroação de data somente foi possível graças ao primeiro levantamento patrimonial que se tem registro efetuado pelo irmão Clovis de Almeida Martins em 1995, quando então se observou emoldurado em um pequeno quadro, o Ato número 1347 do Supremo Conselho do Brasil para o R.E.A.A. . 
V E N E R Á V E I S :
( desde a Fundação)
1876 -  Dr . José Gonçalves da Rocha    - 18
1898 - Dr. Abel  Waldeck  - 30
1900/1901 - Dr. Antônio José da Costa Leite - 30
1909/1915 - Attilio Panizza - 30
1924 - Dr. Antônio José da Costa    Leite - 33
            De observar-se que muitos dos Veneráveis foram reconduzidos  ao Veneralato inúmeras vezes, alguns  por mais de cinco ou seis  anos, e outros simplesmente não tiveram seus nomes identificados até o momento.
Relação dos Veneráveis conhecidos documentalmente, ou àqueles    que   tiveram   registros :

MANUEL ALVAREZ - Junho/1935 à Maio /1936
MANUEL ALVAREZ - Junho/1936 à Maio /1937
MANUEL ALVAREZ - Junho/1937 à Maio 1937

Trabalhos paralisados - Estado Novo    Fevereiro/1938 à Janeiro/1940

MANUEL ALVAREZ - Janeiro/1940 à Maio/1940
MANUEL ALVAREZ - Junho/1940 à Maio/1941
MANUEL ALVAREZ - Junho/1941 à Maio/1942
JOÃO DOS SANTOS NEVES Junho/1942 à Maio/1943
JOÃO DOS SANTOS NEVES Junho/1943 à Maio/1944
JOÃO DOS SANTOS NEVES Junho/1944 à Maio/1945
JOÃO DOS SANTOS NEVES Junho/1945 à Maio/1946
JOÃO DOS SANTOS NEVES Junho/1946 à Maio/1947
JOÃO VENTURA FORNOS Junho/1947 à Maio/1948
JOÃO VENTURA FORNOS  Junho/1948 à Maio/1949
LAURO AUGUSTO ALVES DE LIMA     Junho/1949 à Maio/1950
LAURO AUGUSTO ALVES DE LIMA     Junho/1950 à Maio/1951
LAURO AUGUSTO ALVES DE LIMA     Junho/1951 à Maio/1952
LAURO AUGUSTO ALVES DE LIMA     Junho/1952 à Maio/1953
LAURO AUGUSTO ALVES DE LIMA     Junho/1953 à Maio/1954
AURÉLIO MENEGON - Junho/1954 à Maio/1955
AURÉLIO MENEGON - Junho/1955 à Maio/1956
AURÉLIO MENEGON - Junho/1956 à Maio/1957
AURÉLIO MENEGON - Junho/1957 à Maio/1958
ANDRÉ FELIX - Junho/1958 à Maio/1959
MARIO SOARES - Junho/1959 à Maio/1960
JOÃO HIPOLYTO MARTINS Junho/1960 à Maio/1961
AURÉLIO MENEGON - Junho/1961 à Maio/1965
NELSON GASPARINI - Junho/1965 à Maio/1967
AURÉLIO MENEGON - Junho/1967 à Maio/1968
AURÉLIO MENEGON - Junho/1968 à Dezembro/1969
ELÍ DE ARAUJO SOUZA -Janeiro/1969 à Maio/1969
AGOSTINHO JOSÉ RODRIGUES TORRES Junho/1969 à Maio/1970
AGOSTINHO JOSÉ RODRIGUES TORRES Junho/1970 à Maio/1971
CARLOS TEIXEIRA PINTO Junho/1971 à Maio/1973
CARLOS TEIXEIRA PINTO Junho/1973 à Setembro/1975
JOSÉ LUIZ CAPARICA Setembro/1975 à Outubro/1975
JOSÉ RICARDO DE OLIVEIRA Novembro/1975 à Maio/1977
ANTONIO TILIO JUNIOR  Junho/1977 à Maio/1979
JOSÉ LUIZ CAPARICA   Junho/1979 à Maio/1981
CECÍLIO LINDER Junho/1981 à Maio/1983
JONAS ALVES DE ARAÚJO Junho/1983 à Maio/1985
WILSON PEREIRA COELHO Junho/1985 à Setembro/86
JOSÉ RICARDO DE OLIVEIRA Setembro/86 à Maio/87
NIVALDO EDSON DE MELLO Junho/87 à Maio/91
ÉDISON CARDOSO DOS SANTOS Junho/91 à Maio/93"
CLOVIS DE ALMEIDA MARTINS Junho/93 à Maio/95
CLOVIS DE AVELLAR PIRES FILHO Junho/95 à Maio/97
CLOVIS DE ALMEIDA MARTINS Junho/97 à Maio/99

DIRETORIA  ATUAL
( Do  Centenário)
Venerável - Clovis de Almeida Martins
1º Vigilante - Flávio Abranches Pinheiro                   
2º Vigilante - Édison Baptistão                    
Orador - Antônio de Oliveira Fernandes                          
Secretário - Hilton Antônio Mazza Pavan                
Tesoureiro - Silvio Pacheco Neto
Chanceler - Angelo Cataneo
Deputado Estadual - Walter Paschoalick Catherino

F o n t e s   de   Pesquisa  :
Livros de Atas das Lojas Guia do Futuro e Regeneradora Botucatuense,
Regimentos e regulamentos internos às lojas Guia do Futuro e Regeneradora Botucatuense
Quadro de Obreiros da Loja Coronel João Baptista da Luz
Bandeira e medalha da Loja Silvanno Lemmi,
Cúria Metropolitana,
Irmão KUR  PROBER - “A  BIGORNA “  Nº 71,  Abril  de 1987.
Irmão José Moscogliato Nigro - Doação da única medalha conhecida da Loja Silvanno Lemmi;
livro “Achegas para a História de Botucatu” à pags. 261- Hernâni Donato.
Irmão   Walter Paschoalick Catherino;
Irmão   Édison Cardoso dos Santos;

Música:
Irmão   João Bosco David;
Wolfang Amadeus Mozart
Narração :
Antônio de Oliveira Fernandes
Texto Roteiro e Direção :
Clovis de Almeida Martins

            Na seqüência, transcreveremos, na íntegra, o discurso proferido na ocasião, pelo Venerável Mestre Clóvis de Almeida Martins:
“Quanto mais difíceis, incertos ou confusos são os dias em que vivemos - mais precisamos, na vida nacional, conhecer ou relembrar a vida dos vultos que se tornaram tutelares da nacionalidade.
É necessário colocar diante de todos, principalmente da juventude, o conhecimento da vida, da obra e dos sacrifícios experimentados pelos grandes vultos brasileiros.
            A Conjuntura política, econômica e espiritual em que vivemos torna pois ainda mais valiosa a abordagem do tema em tela.
            A criatura humana se esquece, com facilidade, dos exemplos que vão se distanciando no tempo.
            Estabelecer as origens da Maçonaria em Botucatu, foi tarefa ao mesmo tempo fácil e difícil.
            Fácil, se admitimos que desde o instante em que o homem fixou entre seus anseios o da Liberdade e do Altruísmo, pois aí repousa o traço de luz inspirador dos primeiros iniciados.
            Difícil, se quisermos estabelecer uma data e um local certos para o seu surgimento.
            Nós não sabemos ao certo a quem ocorreu, pela primeira vez, a idéia da Maçonaria em Botucatu, mas neste momento rendemos nossas homenagens aqueles que nos antecederam, aos quais, direta ou indiretamente, a Maçonaria Botucatuense será sempre reconhecida.
Cumpre aqui destacar que o sonho e a proposta de uma Instituição que servisse ao progresso da humanidade, moveu os fundadores da primeira Loja Maçônica de Botucatu, a Loja Guia do Futuro, como certamente moveu também os IIR: fundadores da mais nova loja da Maçonaria Universal em nossa cidade, a Arls Guia Centenário, significativo fruto da perenidade de princípios e idéias semeados pela ordem maçônica, e aqui praticados.
            A Maçonaria botucatuense, com tantas razões de se desvanecer de si própria, menos de si ocupou, menos se infectou do amor de si mesma.
            Menos se infectou do amor de seus integrantes.
            O IR: Dr. José Gonçalves da Rocha, imaginou dar Justiça e Equidade aos homens de então, - um sonho acalentado desde que gente é gente, e conseguiu!
            Só idealistas como ele poderiam fazê-lo, do jeito que nossos irmãos fizeram.
            A palavra “Maçonaria” ainda hoje suscita em cada um de nós, sentimentos diversos, por vezes contraditórios, mas no fundo um pouco misturados: estranheza, receio, repulsa e fascinação.
            Estranheza pelo caráter ritual, receio pelo seu aspecto oculto, repulsa pelos maléficos que lhe são atribuídos pelos inimigos da liberdade dos povos, e fascinação por tudo o que é estranho, oculto e secreto...
            Mas a realidade da Maçonaria senhores, ontem como hoje, é muito mais simples do que aquilo que alguns dizem e outros piamente acreditam.
            A diretoria da Augusta Respeitável Grande Benfeitora e Benemérita Loja Simbólica Guia Regeneradora de Botucatu, elaborou este momento solene, dando ênfase aqueles aspectos de transcendência e magia, observados nas entrelinhas da existência ou na vida de grandes vultos como o irmão Dr. José Gonçalves da Rocha por exemplo, que foram nossos antecessores, e que sem exceção nos aproxima bastante.
            Esta Sessão não é um Libelo nem apologia.
            Assistiremos um vídeo que se constitui portanto de uma narrativa e uma interpretação que pretendemos fossem imparciais e corretas, de nossa história, e conhecimento.
            Contém,portanto, erros involuntários e lacunas que não conseguimos preencher...
            Os Srs. verão e ouvirão memórias ou lembranças de um século, que são intermitentes, e, por momentos nos escapam, porque a vida é exatamente assim.
            A intermitência do sonho nos permite suportar a incerteza do amanhã, as dificuldades do presente e a saudade do passado.
            Muitas de nossas lembranças se toldaram ao evocá-las, viraram pó.
            As imagens que veremos poderão ser o momento da revelação em que este passado se atualiza inesperadamente em nossas memórias, provocando saudades...
Vivemos hoje momento solene não de um aniversário, mas de uma História.
            Quantas Instituições em Botucatu poderão se orgulhar de ter 100 anos de existência?
            O Judiciário, o Executivo, o Legislativo?
            Os Poderes Constituídos, apenas?
            A Maçonaria !
            Arrogância de uma Instituição?
            Ou consciência de si própria e de seu valor?”
             
ENCERRAMENTO

            “Para a Loja Maçônica Guia Regeneradora em particular, e a Maçonaria em geral, constitui subida honra recepcionar como convidados todos os senhores que nos honraram com as suas presenças, homenageando os fundadores da Maçonaria em Botucatu, e também todos os seus atuais integrantes.
“Há Instituições que somente se levantam.
Há as que se levantam e caminham sob o contemporâneo, e há as Sublimes Instituições; que vêem a luz em obscuras encruzilhadas muito além de seu tempo.”                 Clóvis de Almeida Martins
            Reportamos nossa modesta homenagem a todos os nossos antecessores, Irmãos que ajudaram a construir um grande país - que não aspira a ser melhor nem mais poderoso - mas apenas a ser o país onde ninguém se sinta estrangeiro, e possa aspirar a ser apenas um cidadão livre e de bons costumes!!!
            O nossos trabalhos estão encerrados.
            Que o Grande Arquiteto que é Deus, a todos nós abençoe e guarde.
            Retiremo-nos em paz.”

Registro Histórico 1 - A Revista Peabiru transcreve o trabalho do historiador Adirson Vasconcelos, de Brasília, referente aos 175 anos da Maçonaria Brasileira :
            “Maçons de todo o Brasil reunem-se em Brasília, neste mês de junho, para comemorar os 175 anos de fundação da Maçonaria Brasileira, recordando a instalação, em 1822, do Grande Oriente do Brasil - GOB, hoje sob o Grão-Mestrado Geral do Desembargador Francisco Murilo Pinto.  Milhares de maçons devem comparecer ao evento que tem o título de “Compasso para o Futuro.”
            Um momento significativo do calendário nacional pelo que a Maçonaria tem representado para a vida brasileira, notadamente nos episódios da abolição da escravatura, do 7 de setembro, da proclamação da República e em tantos outros fatos que têm promovido o engrandecimento do País e o bem-estar do povo brasileiro.
            A História da Maçonaria se confunde e coincide com a História do Brasil.  Seus grandes iniciados são também grandes vultos da vida nacional e muitos dos atos que os tornaram notáveis foram praticados em seu nome.  São exemplos marcantes os de Tiradentes, Hipólito da Costa, frei Caneca, Gonçalves Lêdo, D.Pedro I, José Bonifácio, Barão do Rio Branco, Rui Barbosa, Joaquim Nabuco, Carlos Gomes, Bento Gonçalves, Deodoro, Floriano, Benjamim Constant, Prudente de Moraes, Nilo Peçanha, Campos Sales e outros.
            A par das atividades sócio-culturais que marcam a data, este encontro nacional de maçons em Brasília é, por igual, um momento maior de diálogo e de reflexão para um tempo de estudo sobre o passado e o presente objetivando antevisões e perspectivas para o futuro, com as vistas voltadas para os ideais de evolução social e espiritual.
            E hoje, isto se faz muito oportuno ante as transformações e movimentos econômicos, políticos, científicos, tecnológicos e psicossociais que vêm ocorrendo no Brasil e no mundo.  Sintonizar com as realidades e as mutações dos tempos hodiernos com visão futurística é propósito estadístico.
            Nunca se fez tão necessário e imperioso o trabalho dos maçons,  cuja tradição os credencia, quanto neste ciclo histórico em que vivemos, numa era mais tecnológica do que humanística, num mundo de conflitos ideológicos, de incompreensões, de abusos, de desonestidades de toda ordem e no qual sejam irmãos em nome da paz, da religião e do progresso.
            Contrastando com os extraordinários avanços da ciência e da tecnologia, a fome, o vício, a poluição, o desemprego, a corrupção, as drogas, a licenciosidade sexual, o consumismo, as doenças não dominadas, a violência e as armas químicas e nucleares são, hoje, grandes inimigos da sobrevivência e do aprimoramento do homem.
            Cumpre hoje, mais do que em qualquer tempo, que os obreiros da Arte Real se façam presentes na História, através do estudo, do pensamento e da ação, porque a Maçonaria é detentora de instrumentos e meios capazes de combater eficazmente o clima de licenciosidade, de mal-estar, de opressão humana e de degenerescência social.  Poderá ser o grande veículo da restauração e da espiritualização iniciática e filosófica em sendo, por igual, uma instituição educativa e filantrópica.  Antiga - até milenar - porém, é ao mesmo tempo atual e progressista.
            Só o espírito e os ideais de liberdade de consciência, de igualdade de direitos e de fraternidade universal são instrumentos eficientes e duradouros capazes de criar a harmonia entre os homens.  Assim, haveremos de construir um novo tempo para vivermos o Terceiro Milênio, que se avizinha, e quando queremos, todos, um Brasil e um mundo com uma civilização mais irmã, feliz e progressista, socialmente...”

Registro Histórico 2 - A Revista Peabiru com o objetivo de apresentar um retrato amplo do que é a Maçonaria , do seu histórico no Brasil e em Botucatu, transcreve, a seguir, a definição dado pelo “Novo Dicionário Brasileiro Ilustrado”, da Editora Melhoramentos, pág. 166, de Maçonaria:
“s.f. (fr. Maçonnerie). O mesmo que franco-maçonaria, associação outrora secreta de pessoas que professam princípios de fraternidade e se reconhecem, entre si, por sinais e emblemas, entre os quais os da arte da construção civil, donde também o nome popular de pedreiros-livres.  Em cada loja maçônica obedecem a um chefe, o venerável, e se classificam como aprendizes, companheiros e mestres.”
Registro Histórico 3 - A Enciclopédia DELTA LAROUSSE, em seu 4º volume, à pág. 1956, traz o histórico do Advento da Maçonaria no Brasil:
“O fato é que, em 1870, a situação estava praticamente invertida do que fora no princípio do século.  A Maçonaria já então contava com elementos colocados até na presidência do Conselho de Ministros, como foi o caso do Visconde do Rio Branco, quando se desencadeou a tempestade contra Dom Vital, ao passo que a Igreja se via mutilada pelo Aviso de 1855 e enfraquecida pela união com um Império regalista, que, pela sua mentalidade agnóstica e “liberal” no sentido substantivo e anticristão do têrmo, só tendia ao enfraquecimento das instituições religiosas, para a preservação do predomínio absoluto das instituições civis sobre aquelas, representado no tempo pelo espírito regalista como em nosso século é representado pelo espírito totalitário.
            A Maçonaria havia-se estabelecido no Brasil no fim do século XVIII, trazida pelo famoso botânico Manuel de Arruda Câmara (1752-1810), natural de Pernambuco, e que, durante seus estudos na Europa, na Universidade de Coimbra e depois na de Montpellier, se aproximou dos Enciclopedistas franceses e especialmente de D’Alembert e de Condorcet.  Foi ele, de volta ao Brasil, que estabeleceu em Pernambuco o famoso Areópago de Itambé, de onde irradiou o espírito do enciclopedismo, que impregnou tanto a leigos proeminentes como Antônio Carlos Ribeiro de Andrada ou Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque, como a religiosos que foram líderes dos movimentos republicanos e emancipacionistas de 1817 e de 1824, como o famoso carmelita, aliás do mais alto valor intelectual e moral, Frei Caneca ou o Padre João Ribeiro Pessoa, professor do Seminário de Olinda.
            De Pernambuco a Maçonaria irradiaria para todo o Brasil, sob os auspícios do Grande Oriente de Portugal e de França.  Em 1818, em consequência do papel representado pela Maçonaria na Revolução de 1817, foram proscritas as sociedades secretas, mas já em 1822 foi criado o Grande Oriente do Brasil, independente do de Portugal e de França, e designado para Grão-Mestre o Patriarca da Independência, José Bonifácio.  Pouco depois ascendeu a Grão-Mestre o próprio Imperador PedroI, mas para em seguida (outubro de 1822) suspender as atividades maçônicas, já então divididas em duas facções, a de José Bonifácio e a de Gonçalves Lêdo, com tendências republicanas.  E, 1831, com a retirada do Imperador, restabelecia-se o Grande Oriente, sob a direção de José Bonifácio...

Registro Histórico 4 - O famoso jornalista, escritor e político brasileiro, Carlos Lacerda, em seu livro “Depoimento”, Editora Nova Fronteira, à pág.86, nos apresenta o histórico da famosa Burschenschaft - a BUCHA - braço da maçonaria a atuar na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco:



“A Bucha esteve para a história da República como a Maçonaria para a Independência.  É impossível escrever a história da Independência sem escrever a história da Maçonaria. 
Assim como José Bonifácio, Gonçalves Ledo, Clemente Pereira, essa gente, levou Pedro I à Maçonaria, com o nome de Guatimozim e, lá, obrigou-o a fazer a Independência, a Bucha, em São Paulo, na Faculdade de Direito, com Julio Mesquita e outros, muitos e muitos outros, com filial na Faculdade de Medicina, com Arnaldo Vieira de Carvalho, e muitos outros, levou o país à Abolição, à República, à luta que terminou pelo Partido Constitucionalista, à Revolução de 32, e a muitas coisas geralmente boas e também ruins, conforme predominassem as diferentes correntes.
            Burschenschaft é o nome alemão (vem de burchen, bolsa) de uma instituição criada por um sujeito chamado Robert du Sorbon, criador da Sorbonne,  que, paraatrair estudantes estrangeiros para a Sorbonne, criou bolsas de estudos, talvez pela primeira vez na história universitária do mundo.  Então, começou a chegar uma série de bolsistas alemães, que voltaram para a Alemanha com o nome de burschenschaft, quer dizer, mocidade da bolsa, mocidade estudantil que se beneficiou da bolsa.  Bolsistas, em suma.  E lá criaram (e até hoje existe na maior parte das universidades alemãs) a Burschenschaft, entidade aparentemente filantrópica, isto é, que custeia os estudos de estudantes que não tem como pagá-los, mas que depois tomou um matiz liberal e passou a lutar pelas causas liberais na Alemanha.  Participou da Revolução Liberal de 1848, e alguns de seus membros foram obrigados a se exilar.



            Um deles, cujo nome  ainda não tenho, exilou-se nos Estados Unidos, onde chegou a ter uma grande influência junto a Abraham Lincoln, e um outro, chamado Julius Wilhelm Johan Frank, veio para São Paulo.  Da Bucha, salvo referências mais ou menos irresponsáveis, o único registro existente é uma coisa completamente errada e falsa: um livro horroroso, anti-semita, integralista, do Gustavo Barroso, chamado a História Secreta do Brasil, em que ele apresenta a Burschenschaft como uma organização judaica internacional para destruir o Brasil.  Então, os Mesquitas são judeus, os Whitakers são judeus, o Julius Frank era judeu, etc.  Todos vieram destruir o Brasil.  Não é nada disso, não é verdade.
            Mas dos segredos a que eles se obrigam - porque era como na Maçonaria, o ritual era maçônico, entrar para lá implicava em juramentos terríveis - um deles era o de não contar nada
Até hoje,se você conversar com um velho paulista daqueles, ele lhe conta tudo.  Se você começar a falar de Burschenschaft, o máximo que você consegue é : “Não, isso é uma associação estudantil, negócio da Faculdade de Direito, não tem a menor importância, já acabou, isso não interessa”.
            Há pouco tempo vi - ninguém me contou - atas da Burschenschaft assinadas pelo José Carlos Macedo Soares.  O primeiro chefe da Bucha chamou-se Diogo Antonio Feijó.
            Julius Frank chegou a São Paulo e foi ser professor de alemão em Sorocaba.  De Sorocaba foi levado para São Paulo pelo Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar, futuro marido da Marquesa de Santos.  Depois, Julius Frank foi professor de história geral, como então se chamava, do curso anexo da Faculdade de Direito de São Paulo.
            Pois bem, é o único túmulo que existe dentro da Faculdade de Direito de São Paulo.  Lá existem dois estranhos.  Um é Julius Frank, que está enterrado num daqueles pátios internos sem nunca ter sido professor catedrático, nem aluno,nem funcionário.  Foi o criador da BUCHA.  O outro estranho é a minha cabeça: posei para uma escultora chamada Adriana Janacopolis, irmã de uma grande amiga de Julinho chamada Vera Janacopolis, que era cantora.  Encomendaram a ela uma cabeça do estudante morto na Revolução Constitucionalista e, como não havia nenhum estudante paulista morto disponível, no momento, no Rio de Janeiro, ela me pediu para posar.  Eu posei e ela fez a minha cabeça em bronze dourado que está lá no pátio da Faculdade de Direito.  Somos os dois estranhos.  Só que ele fundou a Bucha e eu não fundei nada.
            Ao que parece, a influência da Burschenschaft em São Paulo e no Brasil foi de tal ordem que o único Presidente da República, civil, até Washington Luís, que não foi da Bucha, parece ter sido Epitácio Pessoa, presidente por acidente, presidente para evitar Rui Barbosa.  Todos os demais passaram por ela.
            E o fenômeno não tem nada de mais, é o mesmo fenômeno da Maçonaria: uma sociedade secreta de sujeitos amigos, companheiros, de famílias, vamos chamar assim, “mesma classe”, que passam pelas faculdades, que se sentem futuras elites dirigentes e que se entendem.  Um dia um sobe e chama o outro.  Um vai ser governador e chama o outro para secretário, outro vai ser ministro, e assim por diante.  Então foram chefes da Burschenschaft: Diogo Antônio Feijó, no Império, até José Carlos Macedo Soares, na República, e, antes dele, Pedro Lessa, que foi um grande jurista, Ministro do Supremo Tribunal, e Venceslau Brás, Presidente da República que depois, já em Itajubá, isolado, ainda era consultado para decisões da Bucha.
            Esse é um capítulo  inteiramente novo, ainda por escrever da História do Brasil, é uma visão completamente nova e o que eu tenho dito ao pessoal que procura esconder isso é o seguinte: “Assim como o Gustavo Barroso os desfigurou completamente, procurando apresentar a Bucha como uma conspiração judaico-comunista contra o Brasil, o que é totalmente falso, vai acabar um dia os comunistas pegando essa história e dizendo que tudo foi uma conspiração da plutocracia paulista contra o trabalhador brasileiro, o que é também falso.
            “Hoje, ninguém sabe até quando durou a Burschenschaft ou mesmo se ela ainda está viva.  O que se diz é o seguinte: o Ademar quando conseguiu a lista dos “bucheiros”, não completa, levou-a ao Getúlio, convencido de que estava prestando um grande serviço.  Getúlio leu a lista dos nomes, incompleta, porque essa lista está espalhada um pouco por toda a parte (não há uma lista completa em nenhum lugar), olhou e viu naquela relação os nomes de Vicente Rao, José Carlos Macedo Soares - vários que depois seriam ministros dele - e naturalmente viu alguns que não apreciou muito, como o do Júlio de Mesquita Filho, do qual não deve ter gostado nada.  Virou-se para o Ademar e disse: “Não se pode governar o Brasil sem essa gente, o senhor que entre para a Burschenschaft”. Isso é o que se conta, não tenho prova.  Em todo caso, é verdade que o Ademar entrou para a Burschenschaft, prestou juramento e depois a traiu.  Traiu a Bucha porque violou todas as regras de conduta da organização.
            O bucheiros defendiam o ideal liberal, basicamente liberal, que depois tomou aqui e ali certa feição conservadora.  Quer dizer, na medida em que certos elementos conservadores foram predominando... Por exemplo, a Liga Nacionalista, fundada entre outros pelo Julinho, foi um entidade criada dentro da Burschenschaft.  Me prometeram mostrar um discurso pronunciado pelo Rui Barbosa numa reunião secreta da Bucha, na qual ele aceitou sua candidatura à Presidência da República, iniciando a campanha civilista.  A Burschenschaft, em última análise, foi também quem fez a campanha civilista....”

Registro Histórico 5 - A presença positiva na história de São Paulo e na história da Maçonaria do Grão-Mestre José Adriano Marrey Júnior é marcante.  Chefiando a “dissidência justificada” de 1921 da Maçonaria, voltava a liderar a reincorporação do GOSP ao GOB, em 1929.  Era todo um trabalho liderado pelo Dr. Marrey Jr. de recomposição das lideranças paulistas.  Logo a seguir, novamente ele, liderava a união dos paulistas diante das distorções de Getúlio Vargas à Revolução de 30Marrey Jr. desempenhou papel de destaque na Revolução Constitucionalista de 1932 e, ao depois, como Chefe do Partido Democrático soube unir forças com o Partido Republicano Paulista no Partido Constitucionalista


Filme de Marrey Júnior e Dante Delmanto caminhando no centro de São Paulo - 1933

No PC , os paulistas em Chapa Única, elegeram os constituintes de 34.  Marrey Jr. elegeu-se  Deputado Federal Constituinte e o botucatuense  Dante Delmanto, seu colega no Escritório de Advocacia e nas lides partidárias, elegeu-se Deputado Estadual Constituinte com a maior votação do Estado. 
            Esse registro é importante na medida em que coloca Botucatu - através de um de seus filhos - na frente e com destaque nos dois grandes movimentos cívicos paulistas que foram a Revolução Constitucionalista de 1932 e, consequência dela, a eleição CONSTITUINTE DE 1934.

Registro Histórico 6 - A importância da imigração italiana em Botucatu é conhecida.  No entanto, vale destacar a atuação desses valorosos pioneiros imigrantes na Maçonaria.  Primeiramente, os peninsulares se reuniram na Loja Guia do Futuro e, mais tarde e com o crescimento deles, partiram para a sua própria loja maçônica : Loja Silvanno Lemmi.  Durante anos tiveram destaque na comunidade botucatuense, principalmente nos primeiros anos deste nosso século.  Na Loja Guia Regeneradora encontra-se primorosa bandeira estandarte da loja italiana, assim como medalhas e ritos maçônicos (a loja italiana era subordinada diretamente a Roma, tendo seu rito todo em italiano e dependendo de correspondência epistolar para o recebimento de orientações, decisões e normas diretamente da Itália). Tudo isso dificultava o normal desempenho da loja italiana.  



No primeiro decênio deste século, através de iniciativa particular de seu Venerável Mestre Pedro Delmanto, a loja maçônica italiana conseguiu sua sede, especialmente construída para essa finalidade. No frontespício da Loja, ainda hoje pode-se notar a presença de simbolismo gráfico a representar a presença maçônica.  Hoje, no local, funciona a loja comercial “A Composição”, esquina da Rua Curuzu com Rua Monsenhor Ferrari.



Releitura da Arquitetura Maçônica  - Com o objetivo de resgatar a presença da Loja Maçônica Italiana, a Revista Peabiru procurou ajuda junto ao artista plástico e intelectual botucatuense, José Sebastião Pires Mendes, para que se pudesse “visualizar” em sua originalidade
o prédio da Loja Italiana, construído especialmente para a finalidade de, lá, cultuar-se a maçonaria.  Com maestria, temos a reconstituição  do Templo Maçônico, com toda sua originalidade.  O destaque maior, fica por conta dos símbolos artisticamente gravados em seu frontespício.  Nesses símbolos vê-se, com destaque, a suástica.  No entanto, destaque-se que o prédio data de quase duas décadas antes do advento do nazismo!   Da mesma forma, destaque-se que a suástica gravada no prédio está em sua forma original, ou seja, reta.   Anos depois, ao ser apropriada e elevada a símbolo nazista, a suástica foi estratégicamente inclinada para, simbolicamente, representar movimento maior e mais agressivo...Hoje, é como a suástica é mundialmente conhecida.
            Para conhecimento de todos, a Revista Peabiru solicitou  do artista a reconstituição do estilo original do prédio do Templo Maçônico, bem como um ensinamento didático referente à suástica  e todo o simbolismo que representa:


“ O Símbolo



            Em um mundo tão conturbado como o que vivemos, torna-se imperioso procurar parâmetros para que não nos percamos nesse tão profundo emaranhado de acontecimentos.
            Dir-se-ia que se faz mister criar um novo cartesianismo filosófico, do qual possamos extrair coordenadas eficientes que nos ajudem a navegar por estes mares, sem correr o constante risco de ver vagar sem rumo nossa tão solapada nave.
            Surgem então propostas oportunistas, sugestões de boa fé ou aventuras quixotescas do pensamento que apelam para as mil facetas de um ecletismo tão atuante quanto antigo.  Refiro-me aos movimentos que surgem e ressurgem, oriundos das várias crenças e religiões, dos diversos ramos do esoterismo ou das próprias religiões convencionais.
            A busca de uma razão de ser nunca foi tão urgente.  Nesse contexto, não seria em vão considerarmos alguns aspectos dessa busca, sem nos enveredarmos pelos labirintos da metafísica ou nos domínios do dogma.
            Um facho de luz nos ilumina gradativamente as trevas: o símbolo.  Levando-se em conta que todas as relações sociais são feitas através dos símbolos, é notório que eles constituem uma das camadas mais importantes da realidade social.  Gurvitch diz que eles são ao mesmo tempo, produtos e produtores dessa realidade.  São produtos, porque foram criados pelos homens para se comunicarem entre si, e são produtores porque através deles os homens se comunicam e se realizam.  Apresentam dois aspectos, isto é, de conteúdo e de instrumento.  O conteúdo é sempre uma mensagem convencional, como por exemplo a estátua de Joana D’Arc, cujo conteúdo é a lembrança da resistência  francesa contra os invasores estrangeiros.  Como instrumento, o símbolo estabelece um contacto íntimo entre o emissor e o receptor.
            Tomando o mesmo exemplo, vemos que a estátua transmite às gerações que se sucedem iguais sentimentos de patriotismo e de coragem, inerentes ao povo francês.



            Através dos tempos os símbolos sempre trouxeram à baila um acontecimento esquecido, reavivaram sentimentos, e estabeleceram pontes entre uma civilização e outra, como a retomar um diálogo interrompido.  Pela interpretação dos símbolos da escrita cuneiforme, Rawlison estabeleceu bases para a elucidação dos enigmas das civilizações mesopotâmicas.  Usando a analogia, Champolion reuniu os quebra-cabeças dos caracteres gregos e egípcios e contou-nos, pela decifração da pedra de Roseta, a história perdida do Egito.
            Os símbolos sempre foram uma liguagem universal natural e formam, a despeito de sua convencionalidade, o mais primitivo sistema de comunicação.  As idéias milenares sobre a origem do Universo estão cheias de pontos comuns exteriorizados nos diversos símbolos.  A suástica, por exemplo, presente nas mais diversas culturas da antiguidade, como a indiana, a chinesa, a marajoara e a tolteca, representa em sua origem o movimento perpétuo das coisas, que cria e destroe.  Um segmento de reta horizontal simboliza o repouso, a quietude, a ausência, a estática e a tese.  Um traço vertical que o corta, faz nascer a cruz, símbolo de criação, da expansão do Universo, da pluralidade, do positivo e do fértil.  É o símbolo da vida, que ao se deslocar ao redor de seu ponto central, significa multiplicidade.  Acrescido de segmentos em suas extremidades, indica a direção desse giro, para a direita ou para a esquerda.  Por isso a suástica se chama também cruz gamada, isto é, formada pela letra gama do alfabeto grego.  Deve-se atentar para a direção do movimento: a mão direita sempre foi considerada o símbolo do trabalho, e por isso a direção para a direita lembra operosidade, multiplicidade, antítese e dinâmica.  Não foi com outra intenção que Hitler escolheu esse símbolo para seu domínio, significando assim uma reação em cadeia de sua política totalitária.  Se invertermos as hastes para a esquerda, temos o movimento em sentido contrário, rumo ao caos.  O famigerado emblema nazista acabou sendo identificado com a destruição e o mal, porque traiu o verdadeiro sentido do símbolo, que é altamente positivo.
            Com a mesma profunda significação temos o círculo, símbolo do infinito, encontrado na tradição antiga como uma serpente que morde a sua cauda.  É a continuidade das coisas, como dizia Lavoisier, em que nada se cria, nada se perde, mas tudo se transforma.  É o moto-contínuo, animado pelas forças invisíveis da Natureza.  E na analogia dos contrários, que estabelece a tese, a antítese e a síntese, encontramos a harmonia e o equilíbrio.  Do centro à periferia partem raios que se movem num vórtice dinâmico, como na teoria da expansão do Universo, como se fosse um grande coração pulsando de amor.
            E chegamos ao máximo significado da cruz de Cristo, sobre cujos madeiros superpostos se imola o Filho de Deus, para a vida dos mortais, tornando-os imortais.  É a rosa mística do amor que desabrocha do sofrimento.  O lótus que emerge do lodo, a paz que vence a guerra.  É o grande Hércules que perpassa o misterioso portal entre as colunas de Gilbratar.  É o vencedor que culmina na exaltação suprema do trabalho e do sacrifício, a apoteose de uma humanidade a caminho de Deus.
            E quedamo-nos na certeza de que, sejam quais forem as adversidades deste novo tempo, se tivermos fé, não seremos aniquilados.  E a realidade social que vivemos poderá ser outra, se nos comunicarmos sob a égide desse símbolo.  José Sebastião Pires Mendes.”

Registro Histórico 7 - :
Cenário da Maçonaria para o Novo Milênio.
Já é de pleno conhecimento de todos a influência da Maçonaria nos grandes acontecimentos de libertação nacional.  Na Independência, na Abolição da Escravatura, no Advento da República, passando pela Guerra dos Farrapos, a Maçonaria sempre teve papel de formadora de opinião e de condutora dos acontecimentos.



            O mesmo verificamos nos movimentos revolucionários de 1924 e 1930.  Com o desvirtuamento dos objetivos da Revolução de 1930, por Getúlio Vargas, novamente a Maçonaria teve papel de destaque no Movimento Revolucionário Paulista de 1932 e, mais ainda, na Assembléia Constituinte de 1934.
            No entanto, com a implantação do Estado Novo (1937/1945), a Maçonaria passou por um “adormecimento” forçado.  Ricardo Mário Gonçalves, organizador do livro “Quintino Bocaiúva nº 10 - A Trajetória de uma Loja Maçônica Paulista (1923-1998)”, à pág. 95, nos traz um quadro vivido pela Maçonaria à época:
“...No dia 10 de novembro o governo getulista dá o golpe de Estado: o Congresso é fechado, os partidos políticos são extintos e a Constituição de 1934 é abolida, sendo promulgada uma nova, elaborada por Francisco Campos.  Assim é implantado o Estado Novo, ditadura de direita que apresenta muitos traços em comum com os regimes ditatoriais existentes na Europa da época.
            Quinze dias depois do golpe, a 25 de novembro, o general Newton Cavalcanti, membro do Conselho de Segurança Nacional, aconselha ao governo o fechamento da Maçonaria.  O Grão-Mestre do GOB consegue, pagando alto preço de uma adesão parcial ao regime, manter abertas as lojas do Distrito Federal.  Em 2 de junho de 1938, promulga ele o Decreto nº 1.179, estabelecendo:
Art. 1º - As Lojas da Federação excluirão imediatamente de seu seio os Obreiros que professem ideologias contrárias ao regime político-social brasileiro, enviando logo ao Conselho Geral da Ordem, em caráter de recurso “ex-officio”, mas sem efeito suspensivo, a lista dos membros atingidos, à qual serão anexos os elementos comprobativos de seu ato.
            Data do mesmo ano o Ato nº 1.519 propondo a troca da tradicional trilogia maçônica LIBERDADE - IGUALDADE - FRATERNIDADE por  ORDEM - FRATERNIDADE - SABEDORIA.  Essa proposta não encontra eco junto ao povo maçônico.  Bastante, significativa é, nessa proposta, a substituição da palavra LIBERDADE pelo termo ORDEM, muito ao gosto dos regimes totalitários...
            Não obstante ter se mostrado dessa forma subserviente ao regime, o Grande Oriente não impede o fechamento das lojas nos Estados.  O historiador José Castellani, mostra, fundamentando-se em atas, que as lojas Piratininga de São Paulo e Firmeza de Itapetininga foram obrigadas a interromper seus trabalhos em outubro de 1937, só os retomando em janeiro de 1940 (Castellani, 1993, og.244).
            Idêntica é a situação vivida pela Quintino Bocaiúva.  Atas cessam de serem lavradas, de maneira abrupta, depois da sessão de 30 de setembro.  Segue-se a ata da sessão de 18 de janeiro de 1940, através da qual somos informados de que os trabalhos foram interrompidos desde 1937 por ordem do Ministro da Justiça, tendo sido ordenado aos presidentes das lojas que informassem os nomes e os endereços dos obreiros às autoridades...”
            Essa interrupção ou restrição de suas atividades provoca, de forma inevitável, uma despolitização da própria Maçonaria.
A verdade é que todo e qualquer regime ditatorial é incompatível com a trilogia libertária maçônica...
            Mesmo em outra realidade após 1945 e retornando às suas origens, a Maçonaria não volta a ter o mesmo grau de politização e de liderança na sociedade profana.
            Mais uma vez é notada a atuação do Dr. Marrey Jr. no sentido de preparar a Maçonaria para a sua indispensável atividade política no seio da sociedade.  Não a política pequena, a política partidária.  Não!  Marrey Jr. sempre pensou e atuou vendo a Maçonaria  atuando na macro-política, na formação cívica do cidadão, no preparo do cidadão prestante.  No exercício pleno da cidadania!  Missão precípua de todo e qualquer agrupamento humano.  Os que alegam que a Maçonaria e até os Clubes de Serviço (Lions e Rotary) não tem atuação política, na verdade, são despreparados e não conseguem captar a profundidade do homo politicus...
            Mais uma vez repetimos: não é a política pequena, a da militância partidária, e, sim, a que prepara o cidadão como partícipe das decisões sociais e como gestor da cidadania.
            Pois bem, repetindo em São Paulo a atuação que teve na Revolução de 1930, na Revolução Constitucionalista Paulista de 1932 e na Assembléia Constituinte de 1934, o Dr. Marrey Jr. continuou em seu esforço de preparar os maçons para a cidadania e, também muito importante, continuou a “garimpar” valores para a Maçonaria.
            A ele se deve a “descoberta” e iniciação do ex-Presidente Jânio da Silva Quadros.  Obscuro Professor de Português do conceituado Colégio Dante Alighieri e formado em Direito pela Faculdade do Largo de São Francisco, Jânio foi iniciado na Maçonaria , pelo próprio Dr. Marrey Jr., antes de chegar à Câmara Municipal de São Paulo.
            Todavia, a “despolitização” da Maçonaria era o perfil da instituição à época de Jânio Presidente e de Jânio renunciando à Presidência.
            Não seria o caso da própria Maçonaria ter atuado, ajudando Jânio a transpor os obstáculos, a vencer os inimigos e a reformar e modernizar o País?
            Na própria obra citada, à pág. 111, encontramos o posicionamento da instituição:
“...Na sessão de 25 de agosto é apresentado à Loja pelo Ir:. Alberto Monteiro Jr. um jornal contendo texto do manifesto da renúncia do Presidente Jânio Quadros, para que se veja que a Quintino Bocaiúva está acompanhando os sucessos políticos da nação.  O Ir:. Felipe Tribuzzi lamenta a fraqueza da Maçonaria, que se mostrou incapaz de apoiar o Presidente, discreta ou ostensivamente.  O Ir:. Odair Ferreira  informa que esteve com o Prof. Florestan Fernandes que o recebeu muito bem, pondo-se à disposição da Loja para traçar um plano contra a Lei de Diretrizes e Bases e dispondo-se a comparecer no dia 9 ou 16 de setembro a algum local para expor o mesmo.  Esclarece ainda que conta com o apoio do Deputado Arruda Castanho.  O Ir:. Fritz critica a fraqueza da Maçonaria e propões que seja enviada uma prancha a Jânio Quadros...Na sessão de 1º de setembro o Venerável Mestre discorre sobre as dificuldades para se encaminhar a Jânio Quadros o manifesto da Quintino Bocaiúva, que se encontra integralmente transcrito na ata:
Or:. De São Paulo, 25 de agosto de 1961

Ao Prezado Irmão Jânio da Silva Quadros
E.M.
Nesta hora crucial de sua vida política, e, consequentemente, da nação brasileira, como homens justos, livres e de bons costumes que somos, vimos, total, irrestrita e fraternalmente, hipotecar-lhe nossa solidariedade.  Admiramos e reconhecemos no nobre Ir:. a extrema dedicação, a abnegação, o sacrifício e, sobretudo a coragem, com a qual vinha sabiamente dirigindo os destinos da nossa amada Pátria.  Como o Ir:., sempre lutamos pelo mesmo objetivo, ou seja, dar um Brasil melhor aos brasileiros.  O desinteresse, a indiferença diante do poder e do sucesso, culminando com o ato de renúncia, caracterizou o legítimo maçon.  A Loja Quintino Bocaiúva, neste momento conturbado da Nação Brasileira, coloca-se ao lado do ilustre Ir:. naquilo que for necessário.  Rogando ao Grande Arquiteto do Universo que o ilumine e guarde, assim como aos seus familiares, receba o Triplo e Fraternal Abraço dos Obreiros desta Oficina.
Fraternalmente,
a) Oswaldo Walter Russomano
Venerável.”
            Durante o Regime Militar (1964/85), a Maçonaria  novamente sente uma limitação às suas atividades e, consequência inevitável, passa por novo período de “despolitização”.
            A tentativa de utilização da Instituição é registrada na obra citada, à pág. 114:
“...Nesses agitados dias, embora houvesse uma divisão de opiniões na Maçonaria brasileira, a maioria dos maçons apoiou, inicialmente, o movimento, diante da situação caótica para a qual se encaminhava o país.  Em nenhum momento, no período pós-revolucionário, o Grande Oriente do Brasil, como instituição, foi molestado, embora a repressão que se seguiu à queda de Goulart tenha atingido a intimidade dos templos maçônicos, não diretamente através do governo, mas por meio da corrente que apoiara o movimento e que iniciava, no seio da instituição, uma verdadeira caça às bruxas, a qual iria ser incrementada a partir de 1968, quando foi fechado o Congresso Nacional e editado o Ato Institucional nº 5.
            Ao lado, todavia, da atuação de homens sérios e amadurecidos, certos de que, naquele momento, estavam fazendo o melhor pela Ordem Maçônica e pelo país, viu-se uma situação que iria levar a sérias dissenções no Grande Oriente do Brasil e que iria ser uma das causas remotas da crise institucional que a Obediência enfrentaria, a partir de 1970, resultando na cisão de 1973: o surgimento de aproveitadores, que, agindo de acordo com interesses pessoais na política maçônica e não movidos por ideais democráticos - embora os apregoassem - passaram a usar a tendência política dominante no país, para se desembaraçar de seus adversários políticos no meio maçônico; e muitos maçons passaram a ser levianamente acusados e “premiados” com o epíteto mais contundente e perigoso da época: comunista !
            Graças a essa situação, a atividade maçônica externa ficou muito diminuída, restringindo-se aos fatos administrativos internos, ficando os externos, mais no terreno da lisonja....(Castellani, 1993, ogs. 283-284).
Teria a implantação do regime militar conduzido a uma despolitização da Maçonaria?  O exame das atas da Quintino Bocaiúva relativas ao período pós-revolucionário parece encaminhar para uma resposta afirmativa dessa pergunta.  Os pronunciamentos e debates acalorados sobre questões sócio-políticas nacionais e internacionais não desaparecem totalmente mas diminuem consideravelmente em número: os Obreiros tendem a aplicar mais sua atenção e sua energia aos problemas internos da Oficina.  As falas de nossos depoentes também apontam na mesma direção: mostram mais interesse pelos assuntos internos da Oficina e por temas esotéricos do que por problemas sociais e políticos da sociedade profana.  É claro que não estamos querendo dizer que a Maçonaria deva se preocupar exclusivamente com o homo politicus...”

            Também o jornalista, escritor e ex-Governador do Estado da Guanabara, Carlos Lacerda, em sua obra “Depoimento”, Editora Nova Fronteira, pág. 90, quando faz a análise da Bucha, diz da tentativa de Gama e Silva (Ministro da Justiça em 1968 e autor do Ato Institucional nº 5) de se apoderar dessa instituição maçônica para a realização de seus interesses.  Não obteve a confiança de seus irmãos.  Não obteve sucesso:
“...A última informação que tenho, e não tenho prova, é que o Gama e Silva - o que já é uma prova da decadência da Burschenschaft - tentou ultimamente reorganizá-la, mas que os bucheiros veteranos, os que restam, recusaram-se.  Primeiro, porque não estão de acordo com muita coisa da Revolução, embora muitos deles a tenham ajudado; segundo, porque não quiseram ser instrumento do Gama e Silva, achando que ele queria reorganizar a Burschen para pô-la a serviço dos seus interesses políticos junto aos militares.  E puseram uma pedra em cima do assunto.  Parece que realmente não existe mais, parece uma coisa ultrapassada...”


No período pós-regime militar, à partir de 1985, a Maçonaria  assiste à luta das Diretas, Já! e da Redemocratização do País sem uma participação de liderança e destaque Dessa forma, o Cenário da Maçonaria para o Novo Milênio é que precisa ser definido, é que precisa ser desenhado.

            Continuará a Maçonaria, em cima da trilogia LIBERDADE- IGUALDADE- FRATERNIDADE  - SEUS FINS SUPREMOS - sempre sob a proteção Do Grande Arquiteto do Universo, a ser a Guia a orientar e conduzir a porto-seguro os homens de boa vontade?

Congratulações da GLESP


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